segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sobre a capacidade de absorção de significado...

A roupa pode nos remeter a situações anteriormente vividas, reavivar sensações e medos. Existem pessoas que não voltam a usar determinados trajes que usaram em situações emocionalmente fortes como enterros, por exemplo.
Essa capacidade que temos de recriar memórias a partir da carga emocional que essas roupas carregam, seja por situações vividas trajando-as, ou cheiro, puído, e até deformações do tecido em função do corpo que ali habita ou habitava é que faz da roupa algo que quer significar e dizer e não apenas vestir.
Foram usadas para o desenvolvimento da minha coleção de conclusão de curso a dialética entre moda, amor e psicologia, tendo como característica os símbolos desenvolvidos a partir das minhas vivências amorosas impressos no suporte roupa.
Neste projeto pensei moda como a extensão dos meus desejos e desafetos. Como o meio de exteriorizar meus sentimentos de amor a algo ou alguém usando a capacidade de absorção de significado que as roupas podem ter. Tal mecanismo é melhor descrito por Sigmund Freud na formulação do conceito de sublimação.

Segundo Freud (1905, p. 167) entende-se por sublimação o processo no qual:

(...)as expensas das próprias moções sexuais infantis, cujo afluxo não cessa nem mesmo durante esse período de latência, mas cuja energia - na totalidade ou em sua maior parte - é desviada do uso sexual e voltada para outros fins. [ou seja] o desvio das forças pulsionais sexuais das metas sexuais e por sua orientação para novas metas.


O conceito de sublimação nada mais é do que transformar essas pulsões - vale ressaltar que essa pulsões ditas sexuais não estão necessariamente associadas aos orgãos genitais ou ao prazer sexual - em manifestações artísticas ou intelectuais que visam reconhecimento social, no meu caso, o desfile e a materialização da minha coleção.

Transformei meus desafetos em roupas...

Um comentário:

  1. Tereza Cristina Leão1 de agosto de 2009 às 18:03

    Meu querido Alex,
    como não pude estar presente no desfile final,abri seu blog para assistir o desfile tão comentado, e me emocionei!!!Juro que, vendo as fotos ouvindo a maravilha da trilha escolhida, me arrepiei e chorei!Você mostrou mais do que nunca sua maturidade profissional, através destas formas extraordinárias!Tudo numa maestria monocromática que condiz com sua proposta, narrativa e evolução do seu tema. Foi tudo feito com AFETO e AÇUCAR! Sinto isso na pele. É doce...a delicadeza dos babados,a leveza das "rodelinhas transparentes" que lembram um fuxico chic, as sobreposições que me remeteram "armaduras", mas que flutuam de tão leves e delicadas.Os sapatos estão fantásticos, suas amarrações transparentes, suaves, parecem de bonecas e honraram os looks.
    Não é difícil entender seu sucesso...Você ama o que faz, se alimenta da doçura da MODA. Sua criatividade é nostálgica e creio que sua materialização desta coleção,não vem de desafetos e sim de um "orgasmo sublime"!
    Te desejo um caminho de muita luz e vitórias!
    Parabéns!
    Um beijo doce,
    Tereza Cristina Leão.

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